Este blog, se fosse gente, teria uma raiva danada de mim. O trato feito mulher de malandro, usando-o ao meu bel prazer, escrevendo só quando me dá na telha e abandonando-o quando a vida está mais colorida fora do mundo da web.
E este ano, se a vida não esteve colorida 100% do tempo, esteve bem movimentada. O ano passou rápido (todos dizemos isso) e a impressão que dá é que não deu tempo de fazer tudo. Aliás, este tudo é bem difícil de definir... eu mesma não tinha uma "lista" do que fazer em 2008 (eu já deixei de lado este lance de resoluções de ano novo.) e não farei nenhuma para 2009.
De tudo o que aconteceu de bom e de não-tão-bom este ano (puxa, teriam rendido ótimas postagens!) o que mais levou à reflexão foi a súbita hospitalização de meu maridão. [Meu lindo foi atacado por um enxame de abelhas que lhe rendeu algumas complicações. Agora ele já está bem.]
No mesmo dia do acontecido, enquanto eu pegava umas roupas para levar ao hospital, meu filho estava inconformado com o golpe de azar e perguntava: "puxa, mas por que isso tinha que acontecer logo com meu pai?"
Bom, eu podia responder várias coisas. Poderia usar uns eufemismos e diminuir a seriedade da coisa. Poderia mesmo dar a tradicional resposta que todas as crianças odeiam "é, porque é oras!!!". Preferi ir direto ao ponto: "Edu, aconteceu isso com seu pai porque ele está vivo, trabalha, é saudável e feliz. Essa é a magia da vida: a surpresa. Nem sempre as surpresas são agradáveis, mas se você estiver vivo de verdade, elas acontecem dia após dia."
Seguiu-se um engraçado diálogo:
"Mãe, claro que é vivo de verdade... você tem cada coisa"
"Cada coisa não. Tem gente que não está vivo de verdade. Tem pessoas que não saem na rua, tem medo de tudo, são cheias de fobias, não se envolvem com nada com medo de se machucar. Essas estão vivas de mentira, só não estão mortas porque ainda respiram"
"Hehehe, eu estou vivo de verdade, vivo me machucando"
"Pois é, e vai se machucar mais vezes, vai ficar doente de vez em quando, vai brigar com alguém. Esse é o encanto. A gente vem pra cá sem saber o que vai acontecer no próximo segundo. Se a gente já chegasse com o script todo pronto, não ia ter graça nenhuma"
"É... é mesmo, não ia ser legal pra gente. Mãe, e quando a gente chegar lá hein, será que o papai vai poder me ver, será que a gente já vai poder trazer ele pra casa hoje?"
"Como eu disse, isso é surpresa. Quando eu chegar lá é que vou saber."
Ele estava bem, mas depois se complicou e passou uns dias internado, fez até umas hemodiálises. Foi interessante notar que a frase "na saúde e na doença", que os casais ouvem do padre, fez todo o sentido nestes dias. Pensei em descrever para vocês o quanto é válido cuidar de quem a gente ama muito, só pra ter mais certeza do quanto a gente ama muito, mas ia ficar um texto muito cor-de-rosa e floreado pro meu gosto. Até porque o diálogo sobre a vida que eu e Edu tivemos é desses que todos os pais deveriam ter com os filhos - poupa conflitos psicológicos e é verdadeiro.
Ah, e teve a pergunta final:
"Mas mãe... afinal de contas..... assim..."
"Fala menino!"
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APROVEITANDO....
Meu meninão, incrível, mega, master recebeu pela 3° vez o Top Student lá do curso de inglês dele. Eu não estou besta de orgulho não, isso é invenção do povo...