Bem Vindo

Você que está sempre por aqui ou você que chegou agora, fique á vontade pra comentar, criticar, adicionar. Nem só da mente louquinha da autora é que o blog se alimenta!

sábado, julho 29, 2006

Estão tentando te enganar


Assim que a copa acabou várias pessoas se deram conta que torciam por um time fadado à derrota. Nem lembro mais por que, mas quem gosta de futebol e brincava de escalar a seleção na mesa de um bar sabe cada motivo. A mídia também sabia cada motivo, mas fingiu que não sabia para poder fazer matérias ufanistas, cheias de patriotices. Chegou-se ao ponto de ter uma matéria especial para cada jogador “de ouro” que tínhamos. Um show de tomadas com lances fantásticos, entrevistas, especulações e a certeza que tínhamos um técnico primeira de luxo, que formava equipes vencedoras. De repente, os meios de comunicação “descobriram” que a junção de muitas estrelas não garante nada, que Parreira inflou os egos do pessoal com a vitória fácil e que Deus é brasileiro, mas parece que estudou na Sourbone.

Tudo bem, passou, e sofrer na copa faz parte. Agora vem o Pan, que em 2007 vai ser por estas terras, e a euforia já começa a despontar aqui e ali. A coisa anda devagar e de pronto mesmo só tem aquele sol sem nome. Os russos e americanos vão se fazer, como sempre, e como sempre a gente vai torcer pensando que está com a bola toda (opa! a bola a gente perdeu pra Zidane).

Seria bom se torcer pelo esporte fosse uma atividade saudável e consciente e não a única manifestação de amor ao país que nos permitimos. Que pena que, pra nós, torcer dói. Vamos para as arquibancadas levando toda nossa frustração, toda nossa esperança e gritamos como se daquilo dependesse o ar que respiramos. Que pena não termos o verdadeiro espírito esportivo, não sabemos apreciar a vitória do outro. Que pena que vaiamos nossos atletas quando eles perdem. Que pena a mídia vender um produto que não existe para exaltar um desempenho que ninguém vai ver.

Quem passa por várias copas, olimpíadas e Pans da vida sabe que o brilho é exatamente não saber quem vai ganhar. Se só desse Brasil não haveria graça nenhuma. E quando o Brasil ganha, a “sensação” de felicidade nunca é tão duradoura quando pintam. Simplesmente porque não devemos esperar por causas externas para sermos felizes. Pode ser que você não tenha achado que a vitória do país fosse lhe fazer feliz, mas certamente já se pegou dizendo que “quando eu conseguir tal coisa....” ou “se tal coisa fosse diferente....” aí sim seria feliz. Triste ilusão, estão tentando te enganar de novo! Não acredite em fórmulas universais de alegria, em felicidade conseguida em suaves prestações. Nós seremos felizes a partir do momento que encontrarmos amor e satisfação com o que temos hoje. Todo mundo tem problemas, isso ninguém escolhe, mas ser derrotado por eles é opcional.

terça-feira, julho 11, 2006

Mais um Recomeço


Passou uma semana. Às vezes parece que passou mais tempo, outras parece que o tempo parou naquele instante. Esperamos 18 dias pela recuperação de Miguel e fomos confrontados com o que ninguém quer ouvir de um médico que sai porta afora da UTI. Não deu pra ele!

Ouvir isso foi um soco no estômago da nossa amiga chamada esperança. Nesta hora ela foi embora animar outros corações. Pra nós chegou um balaio que continha surpresa, revolta, indignação e saudade. A surpresa é avassaladora, dói, faz com que a gente queira se beliscar, acordar do pesadelo. Você abre o olho e lá está a verdade, o fato, te olhando como um carteiro que entrega uma encomenda que ninguém quer receber, mas que vai ficar ali nas suas mãos.

A revolta nós rapidamente mandamos embora por que talvez esse fosse mais um drible do destino para que ele não sofresse ainda mais. E também não dá para se revoltar com a morte. Mais dia menos dia ela chega e faz seu trabalho e ainda é capaz de plantar uma semente de depressão em quem insistir na revolta.

Nossa indignação ainda não foi controlada de todo. É do ser humano encher seus pensamentos de “se”. Dizem que a vida no se... é uma maravilha, só acontece coisa boa! Ainda assim é inevitável pensar em pequenas atitudes que poderiam sim levar a situação pra outro rumo. Indignar-se é inevitável, mas quase tão ruim quanto se revoltar. Os indignados nunca fizeram muito pelo mundo nem por si mesmos, pois são ranzinzas e passam mais tempo reclamando do que fazendo.

Nos restará a saudade. A célebre palavra que dizem só existir em português passará a fazer parte da vida da família (da minha é velha comadre desde os oito anos de idade) e estará em cada canto de casa, em todo ida à universidade e todo passeio no shopping que ele gostava. A saudade vê quem se ama até em desconhecidos que se parecem, em um jeito de passar a mão no cabelo, num lance de olhar, num perfume. A tal saudade não mede esforços para aparecer, mas é o que de melhor podemos cultivar em nossa vida. Ninguém precisa ter vergonha de ter saudade seja lá do que for. É algo que de tão humano serve como prova de que estamos vivos. E vivos que estamos enfrentaremos mais essa para que o show da vida continue e no fim sejamos tão parabenizados como ele foi. Um beijo Miguel, valeu muito a pena.