Ouvir isso foi um soco no estômago da nossa amiga chamada esperança. Nesta hora ela foi embora animar outros corações. Pra nós chegou um balaio que continha surpresa, revolta, indignação e saudade. A surpresa é avassaladora, dói, faz com que a gente queira se beliscar, acordar do pesadelo. Você abre o olho e lá está a verdade, o fato, te olhando como um carteiro que entrega uma encomenda que ninguém quer receber, mas que vai ficar ali nas suas mãos.
A revolta nós rapidamente mandamos embora por que talvez esse fosse mais um drible do destino para que ele não sofresse ainda mais. E também não dá para se revoltar com a morte. Mais dia menos dia ela chega e faz seu trabalho e ainda é capaz de plantar uma semente de depressão em quem insistir na revolta.
Nossa indignação ainda não foi controlada de todo. É do ser humano encher seus pensamentos de “se”. Dizem que a vida no se... é uma maravilha, só acontece coisa boa! Ainda assim é inevitável pensar em pequenas atitudes que poderiam sim levar a situação pra outro rumo. Indignar-se é inevitável, mas quase tão ruim quanto se revoltar. Os indignados nunca fizeram muito pelo mundo nem por si mesmos, pois são ranzinzas e passam mais tempo reclamando do que fazendo.
Nos restará a saudade. A célebre palavra que dizem só existir em português passará a fazer parte da vida da família (da minha é velha comadre desde os oito anos de idade) e estará em cada canto de casa, em todo ida à universidade e todo passeio no shopping que ele gostava. A saudade vê quem se ama até em desconhecidos que se parecem, em um jeito de passar a mão no cabelo, num lance de olhar, num perfume. A tal saudade não mede esforços para aparecer, mas é o que de melhor podemos cultivar em nossa vida. Ninguém precisa ter vergonha de ter saudade seja lá do que for. É algo que de tão humano serve como prova de que estamos vivos. E vivos que estamos enfrentaremos mais essa para que o show da vida continue e no fim sejamos tão parabenizados como ele foi. Um beijo Miguel, valeu muito a pena.
Eu sei que vc é jornalista, mas acho que vem uma escritora por aí.... Muito bom. É difícil explicar certos tipos de sensação, vc conseguiu!
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