Bem Vindo

Você que está sempre por aqui ou você que chegou agora, fique á vontade pra comentar, criticar, adicionar. Nem só da mente louquinha da autora é que o blog se alimenta!

quinta-feira, maio 26, 2011

Blogs de moda: breve ensaio

Nas últimas semanas andei olhando muitos blogs cujo tema é moda. São muito divertidos, cheios de fotos bonitas e muitas dicas, dicas até demais - imagina um tutorial de mais de 10 fotos pra ensinar a passar uma sombra de olho -elas tem. Na blogosfera tem de tudo aliás, já tive minha fase de visitas diárias a páginas de humor, depois crítica política, maternos e... não tem fim isso.

Os me moda, especificamente, sempre foram muito criticados por pessoas do meu convívio. Alegam que é fútil, que poucas tem noção profissional de moda pra ficar dando pitaco e que os piores seriam aquelas que postam o look do dia - onde a blogueira fotografa como se vestiu todo dia e diz: saia da loja tal, sapato da marca tal. Mas... vejam bem, hoje em dia eu faço Letras, o pessoal é bem literário e pra eles isso é o cúmulo da perda de tempo. Antes meu mundo era o dos jornalistas, e esses lêem um pouco de tudo, fuçam páginas, querem saber das novidades e gostam de ver moda sim, até porque tem de fazer milagre pra se vestir bem com o salário que jornalista ganha (Fátima e Willian not included).

Meu passeio pelos blogs durou umas semanas, até eu poder chegar à uma conclusão. Realmente a impressão que nos causa é que aquela pessoa não vive, ela só se veste! Como pode alguém comprar tantas roupas, sempre querer adquirir mais, viver visitando lojas pra saber as novidades, postar a roupa que está, a que viu, a que a amiga estava, o batom que usou ontem, se o esmalte é brilhante, fosco, com glitter ou craquelado? A pessoa fica pensando.... tá, mas quando ela se reúne com a família conversa de quê? Vive de moda, deve falar de roupa e bolsa também. Tipo o marido chega do trabalho e pergunta como foi seu dia e ela responde "cansativo, muitas lojas, provei inúmeras roupas e depois ainda teve o lançamento de um perfume e um coquetel com o dono da  loja e tal". Deve dar raiva no marido não?

Enfim, quem está de fora se enche de preconceitos. Que a pessoa é vazia, que dá valor a isso enquanto o Brasil vive uma crise na educação, que quando for mais velha não vai ter do que se orgulhar e muito mais outros preconceitos que a gente acaba usando pra julgar alguém que nem conhecemos. Analisando friamente:  a maioria das mulheres adooooora todo esse universo e na verdade se ressente de não poder se dedicar à beleza, não poder comprar todos aqueles itens maravilhosos e ter que ralar muito só pra pagar contas e botar gasolina (que tá pela hora da morte). A fábula da raposa e das uvas explica isso há muito tempo. Por outro lado, quem disse que elas não trabalhem? A maioria pelo que vi trabalha sim, e tem o blog como um hobby, uma realização de seu lado diva de ser. Eu gosto de ler, de nhanhar dormir, você pode gostar de fotografia, outra de balonismo, esportes, mas elas gostam de se produzir e falar de moda.

As que não trabalham - devem ser as mais invejadas - trabalham sim, justamente com isso, moda. Elas tem coluna em jornal, são personal stylist, desenham, fazem vitrines em lojas, são vendedoras ou donas de pequenas butiques ou divulgam marcas de um jeito que chega bem melhor pra gente do que desfiles com modelos anoréxicas vestidas pra chocar, de um jeito que ninguém sai na rua. No momento em que as blogueiras de moda se estabeleceram como canal entre marcas e consumidoras elas preencheram uma lacuna que o jornalismo não dava conta. Jornalistas eram chamados pra mostrar como foram os desfiles, comentavam que "o lance agora era o xadrez e o mescla fazendo um visual urbam-chic" e a leitora ficava com aquela cara de paisagem, não entendia bulhufas ou ia lá e se vestia TODA de xadrez tal uma toalha de mesa. Ninguém filtrava aquilo pra mostrar como era aquela "tendência" vestida numa pessoa normal, com roupas de loja comum, que dá pra sair na rua. Bingo, é isso que as blogueiras fizeram.

Não é preciso preconceito nem vergonha por passar dias algumas horas lendo sobre algo que nos faz feliz e faz parte das nossas vidas sim. Há quem não aguente, assim como há quem não aguente uma página de Shakespeare ou uns minutos de Mozart. Desejo as amadas e odiadas blogueiras de moda  que elas trabalhem e se divirtam muito com o que fazem e que não esqueçam que a vida não é só isso - principalmente as que tem filhos - para que não fiquem realmente da profundidade de um píres.

Agora dá licença que eu vou ali olhar o que que a Jojo inventou hoje no seu desafio. Beijos

De lambuja, alguns dos blogs que eu curto (não tem só de moda não tá?)

http://pelocorredordaescola.blogspot.com  >> Educação e muitas reflexões
http://umanosemzara.blogspot.com  >> Jojo estava falida e prometeu ficar 1 ano sem comprar nada. Todo dia mostra como se virou com o que já tinha.
http://vidanormal.blogspot.com/ >> A história de Ana Luíza, linda menina de 9 anos que luta contra um câncer e está vencendo.
http://3xtrinta.blogspot.com/ >> Três mulheres falam sobre tudo o que você imaginar.
http://tododiaumlook.com/ >> Uns caras muito escrotos que tiram sarro com as blogueiras de moda
http://www.robertokroll.com.br/ >> Charges, caricaturas, cartuns.
http://www.bedorothy.com.br/  >> Blog de moda, e MUITA maquiagem, bem feito.
http://justlia.mtv.uol.com.br/  >> Um dos preferidos de moda.
www.blogdaflavia.com.br >> Único local que vejo por enquanto, profissional, muito bem feito também
http://redemulheremae.blogspot.com >> Síntese dos blogs maternos, lá elas falam sem extremismos nem má educação sobre tudo que afeta as mulheres e principalmente às mães.

segunda-feira, maio 23, 2011

Amanda e as revoltas

O depoimento da prof Amanda Gurgel, daqui do RN, está dando o que falar no Brasil todo. Twitter, Faustão, noticiários... todos querem ouvir as verdades da professora.
Dá orgulho ver que alguém daqui conseguiu o espaço nacional para falar algo que todo mundo já sabia. A grande diferença foi a forma como ela fala: Amanda é calma, não grita, não menciona sindicato nem política. Apenas mostra a realidade como uma criança que a vê pela primeira vez e nos questiona "isso não está errado?"   "dá pra viver e ensinar crianças ganhando isso e trabalhando tanto?"

Espero que ela consiga mobilizar o país. Tenho sentido que a mobilização mudou um pouco nos últimos tempos. Passamos por uma fase em que ninguém ligava mais pra nada e parece que agora avançamos um pouco. O peso dos impostos é tão grande e a roubalheira tão escancarada que a revolta tem lugar outra vez. Ainda bem, vamos construir um mundo melhor juntos.

quinta-feira, maio 05, 2011

Para minha mãe e seu filho

O estupendo milagre do amor de mãe

Toda vez que o dia das mães se aproxima eu fico meia assim-assim, afinal, a minha se foi quando eu ainda tinha 8 anos. Não vou contar esta história porque aqui não é o sbt pra ter dramalhão, todo mundo pode imaginar como é ruim.

Depois que fui mãe, nos idos de 1998, isso amenizou um pouco, pois a data voltou a ter total sentido pra mim, virei a personagem principal e tema das musiquinhas cantadas pelo meu filho na escola. Hoje eu volto a ter mais ou menos aquele vácuo. Acho que quanto mais velha o tempo passa, mais a ausência de quem faz muita falta em nossa vida é sentida. 
No meio de tudo isso, hoje quando vejo meus filhos, lembro muito do meu irmão. Oras, se eu tinha  8 anos ele tinha só e então somente 4. Meros quatro aninhos. Tadinho dele cara...deve ter achado que a mãe foi "ali" e não voltou mais porque não quis.

            Se hoje as pessoas usam a frase “o que fica de bom são as lembranças” para consolar alguém, o que dizer ao meu irmão, que já confessou não se lembrar de nada? Sei que tem gente que nem conhece a mãe, existem as mortes no parto e tal, mas saber que você viveu vários momentos com sua mãe e não lembrar é ruim também.
            Com a proximidade do dia tão falado no domingo que está chegando eu aproveito para prestar uma homenagem que servirá de memória externa para meu irmão.

            Saiba maninho, que nossa querida mãe:
©      Era suuuuper vaidosa, gostava de estar sempre produzida, bem penteada e maquiada
©      Seu cabelo não era tão liso assim, rolava umas toucas (daquelas com meia-calça). Nada como nossos cachos, mas lisão de nascença não era não.
©      Disfarçava seu 1.58 usando saltos quase o tempo todo, era cada sapato lindo. Haja perna...
©      Era passional, com ela não tinha calma, não tinha ‘esperar pra ver como fica’, não tinha muita ponderação...
©      ...Mas em contrapartida não tinha falsidade, não tinha tensão, ela exalava vida.
©      Tinha um sorriso que deixava os homens sem ação, e ela se aproveitava disso.
©      Era exigente. Levamos (eu mais) muita bronca e umas surras por não fazer as coisas como ela queria.
©      Podia não gostar de serviço doméstico, mas fazia questão da casa limpa, arrumada e bem apresentável.
©      Enrolava o que podia quando precisava fazer algo que não gostava, mas fazia, mesmo que aos trancos e barrancos, no jeitinho brasileiro.
©      Tinha cólicas horríveis, de ficar de cama. Eu não puxei isso hahaha
©      Não dependia de ninguém pra tomar suas próprias decisões, era pró ativa, mesmo que fizesse cagada, era cagada dela, não da cabeça dos outros.
©      Tinha amigos, amigas, alunos que a admiravam, era um ser social, definitivamente.
©      Era 100% pelos filhos, era capaz de qualquer coisa por nós, faria o que fosse preciso pela nossa educação e bem estar.
©      Teria adorado conhecer o mundo com internet, celulares, laptops, carros com ar-condicionado e plásticas financiadas em 60 meses.
©      Tinha uma voz gostosa de se ouvir, não lembro com clareza, apenas da sensação.
©      Não engravidou de você de maneira planejada, mas lembro do final da gravidez e a babação já era grande.
©      Certamente lhe amou desde o 1º momento que o viu, era o ‘seu menino’, que ela achava parecido com o pai, mas que dizia que ia ficar mais alto e não ia ter barriga (é, prever o futuro não era o forte mesmo)
©      Só com você ela pôde amamentar, já que eu nasci ET e nem leite materno podia.
©      Uma vez, quando eu chorava por estar doente e não poder sair, ela me disse: “nunca fique com pena de você mesma, não leva à nada e impede você de fazer coisa melhor”

Esta última frase me guiou por muitas vezes em situações bem complicadas onde eu me pegava com pena de mim mesma. Ela estava certa, não resolve nada e oblitera nossa visão para coisas melhores. Não tenhamos pena de nós mesmos por não tê-la aqui. Nós a tivemos, pelo tempo que deu, e isso importa mais do que o que poderia ter sido.

Neste dia das mães eu lembrarei dela, como em todos os outros, e você, se não lembra de nada, sinta apenas um quentinho no coração - é como Edu descreveu o amor, mais ou menos aos quatro anos de idade – é nesse quentinho que ela mora, o mais perto de nós que ela poderia estar.