Esta semana inventei de voltar a estudar. Fazer o caminho de volta a faculdade para galgar outras dimensões profissionais. Opa! Este frase ficou rebuscada demais e não disse a verdade. De novo: Eu quero fazer outro curso porque não há muitas oportunidades em jornalismo e porque a profissão paga pouco. Pronto, menos escritora e mais jornalista.
Claro que chegar a fazer outro curso depende de passar outra vez no vestibular. A primeira já foi uma façanha, mas vou ter que fazer o raio cair duas vezes no mesmo lugar. Pensei que o mais difícil fosse ter de estudar algumas coisas de novo. O segundo grau tem uma tuia de coisas que simplesmente a gente não usa nunca. Rever certas matérias chega até a ser engraçado.
O que eu não esperava era lembrar de coisas de mais de 10 anos atrás. Não, infelizmente não foi a matéria que eu lembrei (ó lástima...), foi toda a movimentação de vida que existiu naquele período. Vou folheando os livros e lembro como o futuro nos parecia distante naquela época, como vivíamos tudo na base do tudo ou nada fazendo tragédia grega de qualquer coisa. Hoje lembrei até da aula que o professor deu pra explicar as guerras do oriente médio (e esse povo segue brigando até agora) A turma que andava junta era composta por meninas que tinham famílias bem diferentes, mas que eram capazes de dizer quase a mesma coisa pra gente – menina, a vida não é só festa (pra gente era), roupa nova não tem importância (gente de 16 é bloqueada pra este tipo de informação), escolham bem o curso (com base em quê?). Demos muito trabalho, sobretudo eu, que não tenho muita paciência para dissimulações. Éramos felizes na nossa inconseqüência e na nossa falta de compromisso com a realidade. Nossa maior demonstração de compromisso com a vida foi resumida por uma colega: “acho bonito que vocês não estudam pra conseguir nota, estudam pro vestibular”. E era mesmo, mas de bonito não tem nada, fora que tinha muita fachada da minha turma. Gostávamos de passar por sabichonas sem ser.
Esse era o grande horizonte que tínhamos à frente. O vestibular. Passar por ele era prova de dar conta do investimento da família, era ter moral com os amigos, era virar um pouco adulto. Era mais importante do que saber o que ia se fazer com o tal curso escolhido. E foi aí que eu e mais uns tantos de perderam na imensidão de caminhos que há depois da porta da faculdade. Idealizamos tudo, até a carreira que queríamos, mas não tínhamos a mínima idéia de como fazer pra chegar lá.
Hoje pra escolher um curso estou ponderando mil coisas, pensando em minhas habilidades, meu modo de trabalhar e vejo que falta muito ainda o que ensinar para os jovens que fazem vestibular. Vejo os colégios chamarem profissionais para dar palestra pros alunos. Mas porque só chamam os de ponta, com estremo êxito na profissão? Numa palestra pra 150 alunos, se sair dois de ponta dali é muito. Eu chamaria o profissional médio de todas as carreiras. Aquele que é empregado, que recebe ordem e não nada em grana. Seria menos glamour, mas seria bem mais real e mais correto com aquela platéia que precisa ver a vida como ela é.
escreveu na sua história a de todos nós. parabéns
ResponderExcluirA impressão que dá é que nin guém quer falar a verdade pros estudantes. Querem que a gente ache que todos vão fazer a carreira igual a de quem foi dar palestra. Não nos mostram o lado real das coisas. Talvez porque se mostrassem, muita gente dasanimava antes de começar
ResponderExcluirpior que é isso mesmo. quer saber? esta história de que todo mundo tem direito de fazer nível superior, que só quem tem faculdade é alguém na vida é invenção dessa sociedade que só quer fuder com a gente. puxar o salário pra baixo, pois agora qualquer mané é formado. qquem estuda de verdade tem que se sujeitar a um arroxo de salários porque tem uma massa de manobra aí. e essa papo de quem tem telento sempre vai se dar bem é lorota, não vale sempre. valeu layana, sem querer querendo vc sempte fala de coisas que o povo insiste em fingir que não existe
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