Bem Vindo

Você que está sempre por aqui ou você que chegou agora, fique á vontade pra comentar, criticar, adicionar. Nem só da mente louquinha da autora é que o blog se alimenta!

quinta-feira, maio 05, 2011

Para minha mãe e seu filho

O estupendo milagre do amor de mãe

Toda vez que o dia das mães se aproxima eu fico meia assim-assim, afinal, a minha se foi quando eu ainda tinha 8 anos. Não vou contar esta história porque aqui não é o sbt pra ter dramalhão, todo mundo pode imaginar como é ruim.

Depois que fui mãe, nos idos de 1998, isso amenizou um pouco, pois a data voltou a ter total sentido pra mim, virei a personagem principal e tema das musiquinhas cantadas pelo meu filho na escola. Hoje eu volto a ter mais ou menos aquele vácuo. Acho que quanto mais velha o tempo passa, mais a ausência de quem faz muita falta em nossa vida é sentida. 
No meio de tudo isso, hoje quando vejo meus filhos, lembro muito do meu irmão. Oras, se eu tinha  8 anos ele tinha só e então somente 4. Meros quatro aninhos. Tadinho dele cara...deve ter achado que a mãe foi "ali" e não voltou mais porque não quis.

            Se hoje as pessoas usam a frase “o que fica de bom são as lembranças” para consolar alguém, o que dizer ao meu irmão, que já confessou não se lembrar de nada? Sei que tem gente que nem conhece a mãe, existem as mortes no parto e tal, mas saber que você viveu vários momentos com sua mãe e não lembrar é ruim também.
            Com a proximidade do dia tão falado no domingo que está chegando eu aproveito para prestar uma homenagem que servirá de memória externa para meu irmão.

            Saiba maninho, que nossa querida mãe:
©      Era suuuuper vaidosa, gostava de estar sempre produzida, bem penteada e maquiada
©      Seu cabelo não era tão liso assim, rolava umas toucas (daquelas com meia-calça). Nada como nossos cachos, mas lisão de nascença não era não.
©      Disfarçava seu 1.58 usando saltos quase o tempo todo, era cada sapato lindo. Haja perna...
©      Era passional, com ela não tinha calma, não tinha ‘esperar pra ver como fica’, não tinha muita ponderação...
©      ...Mas em contrapartida não tinha falsidade, não tinha tensão, ela exalava vida.
©      Tinha um sorriso que deixava os homens sem ação, e ela se aproveitava disso.
©      Era exigente. Levamos (eu mais) muita bronca e umas surras por não fazer as coisas como ela queria.
©      Podia não gostar de serviço doméstico, mas fazia questão da casa limpa, arrumada e bem apresentável.
©      Enrolava o que podia quando precisava fazer algo que não gostava, mas fazia, mesmo que aos trancos e barrancos, no jeitinho brasileiro.
©      Tinha cólicas horríveis, de ficar de cama. Eu não puxei isso hahaha
©      Não dependia de ninguém pra tomar suas próprias decisões, era pró ativa, mesmo que fizesse cagada, era cagada dela, não da cabeça dos outros.
©      Tinha amigos, amigas, alunos que a admiravam, era um ser social, definitivamente.
©      Era 100% pelos filhos, era capaz de qualquer coisa por nós, faria o que fosse preciso pela nossa educação e bem estar.
©      Teria adorado conhecer o mundo com internet, celulares, laptops, carros com ar-condicionado e plásticas financiadas em 60 meses.
©      Tinha uma voz gostosa de se ouvir, não lembro com clareza, apenas da sensação.
©      Não engravidou de você de maneira planejada, mas lembro do final da gravidez e a babação já era grande.
©      Certamente lhe amou desde o 1º momento que o viu, era o ‘seu menino’, que ela achava parecido com o pai, mas que dizia que ia ficar mais alto e não ia ter barriga (é, prever o futuro não era o forte mesmo)
©      Só com você ela pôde amamentar, já que eu nasci ET e nem leite materno podia.
©      Uma vez, quando eu chorava por estar doente e não poder sair, ela me disse: “nunca fique com pena de você mesma, não leva à nada e impede você de fazer coisa melhor”

Esta última frase me guiou por muitas vezes em situações bem complicadas onde eu me pegava com pena de mim mesma. Ela estava certa, não resolve nada e oblitera nossa visão para coisas melhores. Não tenhamos pena de nós mesmos por não tê-la aqui. Nós a tivemos, pelo tempo que deu, e isso importa mais do que o que poderia ter sido.

Neste dia das mães eu lembrarei dela, como em todos os outros, e você, se não lembra de nada, sinta apenas um quentinho no coração - é como Edu descreveu o amor, mais ou menos aos quatro anos de idade – é nesse quentinho que ela mora, o mais perto de nós que ela poderia estar.

3 comentários:

  1. Fala boy!! (para os que ainda não sabem, eu chamo minha irmà de "boy")

    Muito obrigado por mais esta postagem em minha homenagem. Não só minha, mas em homenagem à nossa mãe!

    Infelizmente tive este desprazer de perder a mãe muito cedo. Por anos me perguntava e até mesmo, me "punia" por não ter praticamente nenhuma lembrança dela. Tenho uns dois ou três flashes que me recordo. Achava que poderia ser pelo trauma da perda ou até mesmo por ter ouvido muito pouco sobre ela, pois falar dela lá em casa sempre foi um tabu.

    Me senti um pouco menos 'culpado' por esta ausência de lembranças quando li que as memórias são formadas a partir dos 4 anos de idade. Até então, segundo a reportagem da revista Superinteressante, os neurônios não tem capacidade consolidar as informações de modo à guardá-las na memória.

    Independente da explicação, o fato não muda. Foi e ainda é uma barra não ter mão. Sempre me senti meio diferente de todo mundo por causa disso! Afinal, ter mão é algo tão natural, (praticamente) todo mundo tem, principalmente quando se é criança. Acho até intrigante quando vejo uma pessoa de 40, 50 ou 60 anos de idade falando: “- Tenho que passar lá na casa de minha mãe...” ou “- Não agüento mamãe, ela pega muito no meu pé”. Fico pensando “- Caramba! Você com esta idade toda e ainda tem mãe!” Parece loucura, mas para quem não teve, é estranho ver um adulto falar da mãe.

    Todavia, não é o fim dôo mundo e não dá para se deixar cair em depressão por causa disso. Até porque nada vai trazê-la de volta. Mas uma coisa é verdade: Perder a mãe, é destino... passar o que eu passei, é castigo!

    P.S. Desculpe-me, mas desta vez não deu para fazer um comentário animado/ divertido.. Certas coisas não tem graça nenhuma!

    ResponderExcluir
  2. Ownnnn o bichinho.... vem cá que eu te dou colinho (colinho de cabeça, por que eu com você no colo não rola)

    te amo irmão

    ResponderExcluir
  3. Olha, eu perdi minha mãe com 11 anos, e assim como você disse, quando me tornei mãe, amenizou a falta um pouco, porém parece que quanto mais o tempo passa mas falta faz!

    Eu não sei nem o que dizer mais!


    Beijão
    http://parabeatriz.blogspot.com

    ResponderExcluir