Bem Vindo

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quarta-feira, fevereiro 11, 2009

A pé pela cidade

A passagem custa R$ 1,85. Esse é o preço que qualquer pessoa paga pra poder entrar nos ônibus e se deslocar pela cidade. Porque ônibus, desde que foi criado, serve pra isso, deslocar-se de um ponto à outro de uma cidade.

Aqui em Natal não. Aqui, ônibus serve de "escritório" de pedinte. Os pedintes não querem mais ficar na rua, debaixo de sol, onde as pessoas andam rápido. Querem estar num local onde as pessoas estão todas reunidas sem ter pra onde se afastar e ficam obrigadas a ouvir aquele discurso decorado com olhar de quem nem ele mesmo acredita naquilo.

No fim da manhã fiz o trajeto para pegar meu filho na escola e peguei três, TRÊS, dentro do mesmo ônibus.

Primeiro foi o palhado do "Doutores da alegria". Olha... se o trabalho deles é voluntário e de coração, porque precisa de financiamento de doações, e só procuram nos ônibus? Esse não é o único motivo de chamá-los de pedinte: eles andam aos farrapos, mal maquiados e fedendo. Se alguém assim fosse me alegrar no hospital eu tinha até medo.... Mas o pior é pedir pra isso. Se vc quer fazer voluntariado em hospital, trabalhe e tire um pouco de seu tempo pra isso. Agora, passar o dia pulando de ônibus em ônibus pra ir 2 vezes na semana alegrar as criancinhas.... me desculpe mas eu não acredito.

Depois entrou um rapaz novo, forte e corado vendendo jujubas. Até aí vá lá, só que ele abriu a boca pra gritar o tal texto decorado que todos tem. Perdeu colega. Por último entra uma senhora, daquelas que ligaram o botão "falar". Ela não parava nem pra respirar. Antes de descer ainda ouvi a discussão dela com uma moça que argumentava que a tal certidão que ela dizia precisar era feita de graça no cartório. Ai meus sais....

Na volta peguei mais dois. Mas vou poupá-los da história.

Fiquei a pensar: sabemos que é um drama social e generalizado que toda cidade tem. Agora, convenhamos, andar de ônibus aqui em Natal já é um teste de paciência, com essa turma aí abusando está insuportável.

A solução parece estar em nós mesmos. As empresas de ônibus não parecem preocupadas com o bem estar do usuário. Se eles não tiverem nehum apurado depois de perambular por aí vão procurar outra forma.

Antes que digam que esta outra forma pode ser roubar, adianto: pesquisas já mostraram que a maioria está ali não pelo desespero, mas porque é mais fácil do que procurar emprego - e às vezes dá mais que o salário mínimo - e não tem horário, não tem patrão, obrigação. Resumindo, o velho dinheiro fácil que vicia e corrompe o cidadão.


6 comentários:

  1. Pedinte de busão é praticamente uma tradição da terrinha potiguar. A última vez que andei de ônibus em outra cidade era muito novo e por isto não posso dizer se é uma caracteristica local, mas certamente a quantidade é! Os que defedem este tipo de "ganho de vida" que parem de ler o que vou escrever, mas a verdade é que essa galera enche o saco! Não tenho a menor vergonha de dizer que muitos ali tiram proveito de suas mazelas (físicas, mentais, ocasionais...) para pedir dindim e usam o apurado para fins dos mais diversos.

    Quem não se lembra de "Olho de vidro", que pedia uns trocados com uma voz de choro para comprar o tal olho de vidro. Esta figurinha típica do 46 pediu dinheiro por tanto tempo que já deve ter conseguido erguer um castelo de vidro, com tanto que apurou em cima de sua deficiência ocular! (curiosidade: quando eu fazia o 3 ano do colegial, a brincadeira da época era trazer para o colégio aquele papelzinho que "Olho de vidro" distribuia no ônibus!)

    Tem também o senhor que pede dinheiro para comprar Gardenal! Este fala tão baixinho e treme tanto que só o ouve quem está bem perto! Pode até tomar gardenal, mas teve a astúcia de emplastificar a receita médica que garante seu sustento!

    Lembram do flautista que também pedia uns trocados para comprar remédios e ajudar nas despesas de casa? Pelo ao menos "tocava" uns trechos de MPB em sua flautinha de plástico e não falava muito.

    Partindo agora para os escatológicos: tinha um rapaz que entrava no ônibus com uma perna da calça cumprida levantada até a altura da virilha, expondo uma generosa cicatriz. No dia que deparei com a cena, ele alegava ter sido vítima de acidente de trabalho rural e sua atual dificuldade de encontrar trabalho. Passava na roleta com visivel dificuldade e praticamente arrastava a perna flagelada pelo ônibus! Mas ao sair do coletivo, abaixava a perna da calça e saia andando normalmente! Comentei o fato com um colega e ele caiu na risada, dizendo que este sujeito pedia dinheiro em Extremoz, sob a alcunha de ter sido vítima de uma cirurgia mal sucedida, quando descrobriram a farsa, espulsaram ele da cidade embaixo de paulada!

    Mas a "Moedinha de Ouro" vai para um sujeito que entrava no ônibus com a camisa erguida, expondo uma horrível pústula no abdomem! A coisa era muito feia mesmo: grande e com abundante quantidade de secreção. Segundo o enfermo, tratava-se de um câncer. Pior do que a escabrosa cena, era a postura do cidadão que mantinha a camisa levantada até apurar a quantia que achava ser digna de tamanha atrocidade visual. Para ter uma idéia, este sujeito subiu no 56 ainda na praia do meio e só saiu do ônibus na rótula que dá acesso à Ponta Negra, e manteve a camisa erguida mesmo depois de uma senhora passar mal e vomitar pela janela!

    Certamente há outras figurinhas que fazem parte do cotidiano dos usuários de transporte coletivo que não foram citadas nem no texto nem neste comentário. Mas todos seguem a mesma receita, onde pedir é mais fácil do que trabalhar! E não pense que os donos de altomóveis estão livres, pare em qualquer semáforo ou estacione pelas ruas da cidade e verás uma legião de lavadores de para-brisa e pastoradores se aproximar, ávidos por uma gorjeta. Nestes casos, sua falta de "caridade" pode ser o passaporte para uma lataria riscada ou uma lanterna quebrada!

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  2. Meu, eu ODEIO pedintes de ônibus, exatamente pelo que a Layana falou. Vc não consegue sair andando, tá preso no espaço do ônibus.

    Por mim eles podiam ir tudo pro quinto dos infernos, não aguento mais. antigamente eu até lia no ônibus, agora não dá pq eles não deixam...

    Ju

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  3. Não é um problema exclusivo de Natal não, em São Paulo acredito ser bem pior.
    Temos pedintes até no banheiro, a mulher da trufa todos os dias no onibus (com um pão de mel de agrado para motorista e cobrador).
    Estes "doutores da alegria" não são reais, a doação não vem desta parte,se álguem quer ajudar deve entrar em contato com os ogãos responsaveis para receber doações.
    Denuncie,é um desrepeito para com o usuario de ônibus.

    rss, aí é 1,85 ??? Aqui é 2,30, e o metrô é "2,55" !!!!

    Abraços

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  4. Concordo em gênro, número e grau, Layana. Já se foi a época em que quem pedia era uma pessoa com uma necessidade real. Hoje são pessoas que não querem trabalho de verdade ou qualquer obrigação e preferem abusar da boa vontade alheia. Revoltante.
    Parabéns pelo texto.

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  5. hahah, vi um pedinte hj, lembrei de vc !!!


    tchauuu

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