|
Se essa era quase perfeita, imagina as do nosso mundinho? |
Eu cuido da Lara sem babá. E digo logo: no início é porque não tinha dinheiro pra isso mesmo, pois muitas vezes sonhei com alguém aqui pra eu poder fazer academia, estudar, namorar e tal. Meu esquema atual é escolinha na parte da manhã pra poder frequentar as aulas, no resto do tempo sou eu pra tudo e às vezes é assustador, pois ela bagunça muito (vocês não tem noção). Dividi-la com alguém seria até uma higiene mental.
Eis que desde que ela nasceu que eu voltei ao mundo tatibitate - já estive nele antes, com Edu - e frequento mais pracinha, consultório e festa infantil do que livrarias e cinemas. Vejo muitas babás "em ação" e fico analisando o trabalho que executam. Melhor seria dizer vejo babás sem ação, pois as fofas em sua maioria estão ali só de presença física. No olhar você já nota que elas estão com a cabeça há quilômetros do seu filho. Raramente olham a brincadeira e quando a criança muda de lugar e elas tem que andar, a cara de enfado é de matar.
E quando as crianças fazem algo de errado? Nessa hora a gente aproveita pra educar, mostrar que isso e aquilo não pode, o respeito aos coleguinhas, essas coisas. Quer saber como elas fazem? Não fazem nada. Ficam olhando o errado acontecer pra ver até onde vai dar, e se tiver que fazer algo simplesmente tira o pestinha do lugar pra acabar com o problema. Aprendizado? Vivência? Resolução de conflitos e ética? Não espere que elas estejam dando atenção a nada disso. E não acho que para fazer isso elas tivessem que ter o mesmo nível educacional que o nosso, são coisas inerentes ao cuidar de uma criança, coisas que eu vejo pessoas de qualquer "classe social" fazer. Eu vejo na fisionomia a cara de "tô me lixando, não é meu filho mesmo... contanto que não se machuque pra eu não levar uma bronca depois".
Outros pais já conversaram comigo sobre isso, não é piração da minha cabeça. Outro dia o pai de uma coleguinha da Lara disse que chegou mais cedo do trabalho e pegou a babá (que nem é das piores) com o menino (1a e 6m) solto no jardim mexendo perto de onde o cachorro faz cocô e ela na outra ponta do gramado, pendurada no celular. Outra na praça estava com uma menina de uns 5 anos e esta passava praticamente por cima da minha filha na escada do escorrego porque não queria esperar e depois tentava empurra-la pela rampa. Ela estava olhando a situação, mas ou não achava nada errado ou é bem cretina mesmo. Eu mesma falei com a menina "olha, você não vai mais fazer isso certo? Ou espera sua vez ou desiste de brincar". Ela parou, não chorou nem ficou com raiva, só precisava de um limite.
Pra não dizer que nunca vi nada de bom, conheço uma, chamada Adriana, cuida de um menino de uns 5 anos. Uma fofa, brinca com ele, não dá tranqueira pensando no jantar, vive sorrindo, ensina coisas pra ele. Várias mães já "cantaram" ela pra trabalhar, pois é o sonho de consumo de uma mãe. Outra que não lembro o nome é tão atenciosa e sabe tudo da criança que demorei a sacar que não era a mãe. Mas são só duas num universo grande que conheci em quase dois anos. No geral, dá pena das crianças, e raiva delas.
Tô dizendo que não se deve ter babá? Não, às vezes é a única solução pra muita gente. Escolinhas tem horário rígido, fecham aos feriados, quando a criança está dodói não se pode levar e a pessoa precisa trabalhar. O que digo é que escolher uma é mais difícil do que eu pensava. Não é só pegar referência, ser higiênica e não falar errado. Minha escolha seria impossível! Eu precisaria conhecer o ser humano, o comportamento, a motivação daquela pessoa. Ia ficar meio louca com filho meu andando com uma pessoa que só está preocupada em não deixar ele morrer e manter as aparências pra quando eu chegar em casa.
Agradeço a Deus minhas dificuldades que nunca me deixaram ter uma babá, desejo sorte a quem tem e sabedoria pra ver se seus filhos estão bem. Não quis com este texto criticar ou ferir ninguém, apenas provocar a reflexão de pessoas que pensam que elas (as babás) são profissionais em cuidar de crianças e por isso não há com que se preocupar.
* Não mencionei babás que maltratam ou batem porque não é disso que estou falando. Esses casos são de crime e se eu pegasse, mesmo que nem conhecesse a criança, já saia na porrada, depois é que via como que ficava #prontofalei