Bem Vindo

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quarta-feira, dezembro 27, 2006

Receita Médica


Está pertinho da virada do ano e costumo pensar no que mais preciso pro ano que vem. Nisso é inevitável lembrar da minha família, que todo fim de ano me recomendava doses cavalares de algo muito subjetivo: Juízo!
Era um tal de mandar os mais jovens tomarem juízo que não acabava mais, inclusive com direito a medições : "essa menina precisa tomar mais juízo" "Daqui a cinco anos você vai ter juízo suficiente para tal coisa..." e por aí vai. Não deixava de ser verdade, embora todos me advertissem que o juízo não vinha em frascos da farmácia. Isso sempre me fez ter uns pensamentos surreais. E se vendesse juízo lá nas prateleiras? Em xarope, cápsulas ou em pó? O balconista diria: "leve um poco mais desse juízo em lata minha senhora, nunca se sabe quando os sobrinhos podem aparcer para uma visita". Eu iria sempre a drogaria comprar minhas doses. Do jeito que sou, juízo pra mim é placebo, teria que tomar remédio controlado, juízo de tarja preta!
Resolvi elaborar meu próprio receituário de juízo para as futuras gerações


JUÍZO

Nome científico : acomodação gradativa do cérebro às convenções da sociedade
Apresentação: Capsulas - Pó - Xarope - Puxão de orelha da mãe - Tombos da vida (exclusiva modalidade conhecida como mata leão)

Posologia : As doses crescem de acordo com a idade do paciente, costumam ser violentas e dolorosas injeções intravenosas caso o indivíduonão tenha terminado o tratamento até os 21 anos.

Modo de usar: Geralmente o usuário provoca o uso, mas jamais administra o remédio. É importante que alguém mais experiente o faça.
Interações medicametosas: Em nehuma hipótese juízo deve ser tomado junto com a razão, a experiência ou a calma. O organismo pode não aguentar e o sujeito corre risco de surtar, terminando a noite numa esbónia de proporções épicas.

Reações adversas: Indivíduos submetidos a doses maciças de juízo por longo prazo revelaram estado de profunda chatice, tornando-se rabugentos, calculistas e previsíveis. Como tudo na vida convém não abusar.

Histórico clínico: Juízo não é bem tolerado pelo organismo, talvez por não ser algo inerente a condição humana. Logo que entra o danado dói e geralmente provoca instintos repulsivos contra si mesmo, depois passa e não sai mais. Seu uso foi largamente difundido ao logo do tempo, já que a expectativa de vida do homem aumentou muito. Todos acabam tomando juízo mais cedo ou mais tarde para que a vida em sociedade seja possível.


Perguntas mais frequentes:

Como saber se ainda preciso tomar mais juízo?
Está lendo o Boca nu trombone? Certamente precisa de boa dose de juízo...

Não tomei Juízo ainda, o que fazer?
Peça para o Papai Noel, coelhinho da páscoa ou saci pererê (você pode afinal não tem juízo mesmo...) ou então escreva um blog.

Me receitaram juízo em supositórios, é seguro?
Veja lá por onde você anda...



terça-feira, dezembro 05, 2006

Encontre a peça do seu jogo

Este período de fim de ano está sendo bem confuso pra mim. Eu explico: há algum tempo atrás (pouco mesmo) , tudo o que eu queria era terminar o ano empregada em alguma empresa boa, ganhando pelo menos o suficiente para as despesas, passar um Natal em família e ter como perspectiva para ano que vem um ano parecido com outros tantos. Nada de grandes mudanças. Pelo menos era o que parecia.
Parecia que eu estava conformada em não ter conseguido ser a jornalista que eu achava que ia ser. Parecia que eu não estava realmente num momento de tentar começar nada novo. Até que depois do meio do ano me inscrevi no vestibular. Não foi uma coisa planejada. Fui na dica da minha cunhada, escolhi o curso pensando no que gosto de fazer e nas oportunidades que Natal oferece. Nem ia me inscrever, mas meu pai - falei muito bem dele por aqui - me deu um empurrãozinho, as inscrições foram prorogadas e acabei colocando meu nome à prova.
Quando estava pensando em estudar mais a fundo, me aparece trabalho. Dois meses! Como não sou de cruzar os braços diante de uma empreitada pensei: ótimo, quando acabar, faço as provas, depois vem as festas e ano que vem começa tudo de novo. Ser aprovada em me passava pela cabeça, já tinha até me sentido culpada por entrar nisso sem preparação.
O dia chegou e depois da primeira prova me pego cheia de vontade de passar. Já me imagino fazendo o curso, aprendendo coisas novas, tendo oportunidades diferentes de trabalho, estágios. Uma empolgação começa a tomar conta de mim. Fiz todas as provas dando o máximo que pude, tentando me lembrar de conteúdos estudados há dez anos (tô ficando véinha mesmo). O resultado da primeira fase saiu e fiquei ainda mais empolgada pois não fiz feio.
Agora que o que está feito está feito começei a pensar sobre as revoluções que todos nós podemos fazer na própria vida com decisões que duram segundos. Sobre como a gente sempre faz o que tem vontade, mesmo inconcientemente. Claro que eu queria fazer alguma coisa pra mudar, mas não sabendo o quê, acabei fazendo o que era certo pensando estar apenas de brincadeira.
Estou certa de que isso acontece todo dia na vida de todo mundo. A pessoa que faz uma besteira pra acabar com o casamento que no fundo ela não queria, que está sempre esquecendo as coisas porque quer que cuidem dela, que inventa uma desculpa pra sair do caminho de todos os dias porque na verdade espera esbarrar em alguém especial. São muitos os exemplos, mas em todos, e provavelmente na sua vida já teve algum, uma coisa aparentemente insignificante mudou sua vida. è como um quebra-cabeça. A gente tem todas as peças, o danado é colocá-las no lugar certo.
Agora não sei mais que destino darei aos meus dias em 2007. O que era monotonamente programado agora está por saber. Depende, mais uma vez, do resultado que só vou conhecer em meados de janeiro. É mais saudável viver a vida com um horizonte à frente, com planos, com esperança. Que venha o próximo ano!