Está pertinho da virada do ano e costumo pensar no que mais preciso pro ano que vem. Nisso é inevitável lembrar da minha família, que todo fim de ano me recomendava doses cavalares de algo muito subjetivo: Juízo!
Era um tal de mandar os mais jovens tomarem juízo que não acabava mais, inclusive com direito a medições : "essa menina precisa tomar mais juízo" "Daqui a cinco anos você vai ter juízo suficiente para tal coisa..." e por aí vai. Não deixava de ser verdade, embora todos me advertissem que o juízo não vinha em frascos da farmácia. Isso sempre me fez ter uns pensamentos surreais. E se vendesse juízo lá nas prateleiras? Em xarope, cápsulas ou em pó? O balconista diria: "leve um poco mais desse juízo em lata minha senhora, nunca se sabe quando os sobrinhos podem aparcer para uma visita". Eu iria sempre a drogaria comprar minhas doses. Do jeito que sou, juízo pra mim é placebo, teria que tomar remédio controlado, juízo de tarja preta!
Resolvi elaborar meu próprio receituário de juízo para as futuras gerações
JUÍZO
Nome científico : acomodação gradativa do cérebro às convenções da sociedade
Apresentação: Capsulas - Pó - Xarope - Puxão de orelha da mãe - Tombos da vida (exclusiva modalidade conhecida como mata leão)
Posologia : As doses crescem de acordo com a idade do paciente, costumam ser violentas e dolorosas injeções intravenosas caso o indivíduonão tenha terminado o tratamento até os 21 anos.
Modo de usar: Geralmente o usuário provoca o uso, mas jamais administra o remédio. É importante que alguém mais experiente o faça. Interações medicametosas: Em nehuma hipótese juízo deve ser tomado junto com a razão, a experiência ou a calma. O organismo pode não aguentar e o sujeito corre risco de surtar, terminando a noite numa esbónia de proporções épicas.
Reações adversas: Indivíduos submetidos a doses maciças de juízo por longo prazo revelaram estado de profunda chatice, tornando-se rabugentos, calculistas e previsíveis. Como tudo na vida convém não abusar.
Histórico clínico: Juízo não é bem tolerado pelo organismo, talvez por não ser algo inerente a condição humana. Logo que entra o danado dói e geralmente provoca instintos repulsivos contra si mesmo, depois passa e não sai mais. Seu uso foi largamente difundido ao logo do tempo, já que a expectativa de vida do homem aumentou muito. Todos acabam tomando juízo mais cedo ou mais tarde para que a vida em sociedade seja possível.
Perguntas mais frequentes:
Como saber se ainda preciso tomar mais juízo?
Está lendo o Boca nu trombone? Certamente precisa de boa dose de juízo...
Não tomei Juízo ainda, o que fazer?
Peça para o Papai Noel, coelhinho da páscoa ou saci pererê (você pode afinal não tem juízo mesmo...) ou então escreva um blog.
Me receitaram juízo em supositórios, é seguro?
Veja lá por onde você anda...
Era um tal de mandar os mais jovens tomarem juízo que não acabava mais, inclusive com direito a medições : "essa menina precisa tomar mais juízo" "Daqui a cinco anos você vai ter juízo suficiente para tal coisa..." e por aí vai. Não deixava de ser verdade, embora todos me advertissem que o juízo não vinha em frascos da farmácia. Isso sempre me fez ter uns pensamentos surreais. E se vendesse juízo lá nas prateleiras? Em xarope, cápsulas ou em pó? O balconista diria: "leve um poco mais desse juízo em lata minha senhora, nunca se sabe quando os sobrinhos podem aparcer para uma visita". Eu iria sempre a drogaria comprar minhas doses. Do jeito que sou, juízo pra mim é placebo, teria que tomar remédio controlado, juízo de tarja preta!
Resolvi elaborar meu próprio receituário de juízo para as futuras gerações
JUÍZO
Nome científico : acomodação gradativa do cérebro às convenções da sociedade
Apresentação: Capsulas - Pó - Xarope - Puxão de orelha da mãe - Tombos da vida (exclusiva modalidade conhecida como mata leão)
Posologia : As doses crescem de acordo com a idade do paciente, costumam ser violentas e dolorosas injeções intravenosas caso o indivíduonão tenha terminado o tratamento até os 21 anos.
Modo de usar: Geralmente o usuário provoca o uso, mas jamais administra o remédio. É importante que alguém mais experiente o faça. Interações medicametosas: Em nehuma hipótese juízo deve ser tomado junto com a razão, a experiência ou a calma. O organismo pode não aguentar e o sujeito corre risco de surtar, terminando a noite numa esbónia de proporções épicas.
Reações adversas: Indivíduos submetidos a doses maciças de juízo por longo prazo revelaram estado de profunda chatice, tornando-se rabugentos, calculistas e previsíveis. Como tudo na vida convém não abusar.
Histórico clínico: Juízo não é bem tolerado pelo organismo, talvez por não ser algo inerente a condição humana. Logo que entra o danado dói e geralmente provoca instintos repulsivos contra si mesmo, depois passa e não sai mais. Seu uso foi largamente difundido ao logo do tempo, já que a expectativa de vida do homem aumentou muito. Todos acabam tomando juízo mais cedo ou mais tarde para que a vida em sociedade seja possível.
Perguntas mais frequentes:
Como saber se ainda preciso tomar mais juízo?
Está lendo o Boca nu trombone? Certamente precisa de boa dose de juízo...
Não tomei Juízo ainda, o que fazer?
Peça para o Papai Noel, coelhinho da páscoa ou saci pererê (você pode afinal não tem juízo mesmo...) ou então escreva um blog.
Me receitaram juízo em supositórios, é seguro?
Veja lá por onde você anda...