Fui ver o filme da Bruna Surfistinha. É que aqui em casa não tem babá, então a gente vai ao cinema quando dá e na hora que dá. E, ao contrário do filme, dá pouco viu... O último que eu havia visto no cinema foi Nosso Lar e Tropa de elite. Ou seja: passo meses sem ir.
Gostei do filme sim, bem feito, apesar de ser uma produtora menor, diretor não tão conhecido. Deborah Seco encarnou bem a personagem e tudo rolou (rala e rolou melhor dizendo).
Mas aquilo choca viu povo. Não as cenas, mas a história e também aquele monte de nojinhos que nós meninas temos quando imaginamos como deve ser ir pra cama sem poder escolher o cara. ECA ECA ECA. Não dá não viu. Como assim o cara chega da rua fedendo e quer oral? Como assim, olhou, tirou a roupa, meteu? Tem que ter muito estômago - e o couro de lá bem forte hehehe
Acho que o que mais me choca é esta parte mesmo. Porque a questão moral, pra mim, não importa muito neste caso. Ela continuou sendo uma pessoa que pensa, sabe o que quer, sabe se expressar, conversar. Tem gente que é bem casta, uma santa, mas é tão burra, com mentalidade preconceituosa e tacanha que eu não consigo falar mais de 2 minutos. Arranjo logo uma trouxa de roupa pra lavar e sair de perto.
Não sei se estou interpretando o filme errado, mas pareceu que a maior revolta dela, além da baixa auto estima era o modo como ela percebia a sua adoção dos pais. Pareceu que foi uma adoção por caridade, pra fazer o bem, dar um futuro à alguém. Se foi, me arrisco a dizer que a causa pode estar aí. quem é adotado quer ser filho e não mudar de um orfanato público pra um familiar. E filho é criado de maneira visceral, com paixão, com entrega. (já viram "O óleo de Lorenzo"? Viram em Cazuza, quando a mãe vai atrás dele na rua?) é aquilo. Essa história de "eu dei tudo" não cola. Casa, comida, limites, saúde, roupa a gente também dá pra cachorrinhos de estimação, pra alguém que abrigamos em casa por um período, mas pra filho a gente SE dá.
Mas tomara que eu esteja errada, que a causa maior dela ter ido pro puteiro seja só a vontade dela mesmo (mas eu vi no Jô ela contando que uma semana depois se arrependeu, mas não deixaram ela voltar pra casa).
Quem ainda não viu, se quiser pensar um pouco sobre os estereótipos e preconceitos da sociedade, taí uma boa chance.