Assim que a copa acabou várias pessoas se deram conta que torciam por um time fadado à derrota. Nem lembro mais por que, mas quem gosta de futebol e brincava de escalar a seleção na mesa de um bar sabe cada motivo. A mídia também sabia cada motivo, mas fingiu que não sabia para poder fazer matérias ufanistas, cheias de patriotices. Chegou-se ao ponto de ter uma matéria especial para cada jogador “de ouro” que tínhamos. Um show de tomadas com lances fantásticos, entrevistas, especulações e a certeza que tínhamos um técnico primeira de luxo, que formava equipes vencedoras. De repente, os meios de comunicação “descobriram” que a junção de muitas estrelas não garante nada, que Parreira inflou os egos do pessoal com a vitória fácil e que Deus é brasileiro, mas parece que estudou na Sourbone.
Tudo bem, passou, e sofrer na copa faz parte. Agora vem o Pan, que em 2007 vai ser por estas terras, e a euforia já começa a despontar aqui e ali. A coisa anda devagar e de pronto mesmo só tem aquele sol sem nome. Os russos e americanos vão se fazer, como sempre, e como sempre a gente vai torcer pensando que está com a bola toda (opa! a bola a gente perdeu pra Zidane).
Seria bom se torcer pelo esporte fosse uma atividade saudável e consciente e não a única manifestação de amor ao país que nos permitimos. Que pena que, pra nós, torcer dói. Vamos para as arquibancadas levando toda nossa frustração, toda nossa esperança e gritamos como se daquilo dependesse o ar que respiramos. Que pena não termos o verdadeiro espírito esportivo, não sabemos apreciar a vitória do outro. Que pena que vaiamos nossos atletas quando eles perdem. Que pena a mídia vender um produto que não existe para exaltar um desempenho que ninguém vai ver.
Quem passa por várias copas, olimpíadas e Pans da vida sabe que o brilho é exatamente não saber quem vai ganhar. Se só desse Brasil não haveria graça nenhuma. E quando o Brasil ganha, a “sensação” de felicidade nunca é tão duradoura quando pintam. Simplesmente porque não devemos esperar por causas externas para sermos felizes. Pode ser que você não tenha achado que a vitória do país fosse lhe fazer feliz, mas certamente já se pegou dizendo que “quando eu conseguir tal coisa....” ou “se tal coisa fosse diferente....” aí sim seria feliz. Triste ilusão, estão tentando te enganar de novo! Não acredite em fórmulas universais de alegria, em felicidade conseguida em suaves prestações. Nós seremos felizes a partir do momento que encontrarmos amor e satisfação com o que temos hoje. Todo mundo tem problemas, isso ninguém escolhe, mas ser derrotado por eles é opcional.